Patologia dentária

Os problemas dentários são bastante frequentes na prática clínica. A maioria dos animais que nos aparecem na clínica tem problemas dentários, com vários graus de severidade.

A doença periodontal inicia-se como uma placa bacteriana invisível a olho nu. Esta placa forma uma película ou biofilme, recobrindo toda a face exposta do dente. Essa placa é formada por mais de 300 tipos de bactérias diferentes, que se organizam, formando uma perfeita simbiose, para que todas se beneficiem. Trabalhos científicos em humanos comprovaram que após 48 horas sem escovagem essa placa bacteriana ou biofilme já está formado. Se a placa não for retirada pela escovagem regular dos dentes, ela fica espessa e mineraliza-se, formando o cálculo dentário, mais conhecido como tártaro. Ao mesmo tempo a acção das bactérias inicia um processo de inflamação da gengiva e região periodontal que leva a destruição da gengiva e do osso que dá suporte ao dente. Essas bactérias, devido à inflamação da gengiva, podem facilmente passar para a circulação sanguínea e causar doenças degenerativas no coração, pulmão, fígado e rins, que por sua vez podem até levar à morte.

Nesta fase em que já há formação de tártaro, a doença periodontal não pode ser revertida como nos casos iniciais de gengivite (inflamação da gengiva). O único tratamento é a remoção desse tártaro, com aparelhos de ultrasons. Para este procedimento, é sempre necessário proceder à sedação do animal. No entanto, existem várias formas de se fazer a prevenção desta doença. A melhor forma é proceder a uma escovagem dos dentes, que sendo feita de forma regular, remove a placa bacteriana da superfície do dente. No mercado existem escovas de dentes próprias para animais ou dedeiras especiais para realizar a escovagem. Deve comprar pastas feitas especialmente para animais, que têm ingredientes que actuam mesmo entre as escovagens, e têm um sabor mais agradável, como frango ou fígado, e facilitam a adaptação à escovagem.

As pastas humanas não devem ser utilizadas, pois a espuma não deve ser ingerida, e contém ingredientes que podem ser tóxicos. A alimentação também tem um papel importante na prevenção. O ideal é que alimente o seu animal de estimação com uma ração seca de elevada qualidade, evitando comidas moles ou caseiras. A ração seca, por ser dura e forçar a mastigação, exerce efeito mecânico sobre a superfície do dente e remove a placa.

O acto de roer também ajuda a remover a placa bacteriana. Existem no mercado barrinhas de higiene dentária e ossos apropriados para que os animais, principalmente os cães, roam e assim consigam manter as gengivas mais saudáveis. É também importante que sejam realizados exames dentários com alguma frequência, uma ou duas vezes por ano.

 

P: “Bom dia. Tenho um Yorkshire de 4 anos que é muito esquisito a comer. Não come ração seca, por vezes come comida de lata, mas aquilo que ele come bem é carne cozida. Posso dar-lhe só carne? Não lhe fará mal?”

R: Obrigado pela sua questão. Este é um problema com o qual nos deparamos frequentemente, seja por serem animais que foram habituados desde pequenos a comer comida caseira e depois não querem comer a ração, ou simplesmente porque aprenderam que se não comerem aquilo que têm à disposição lhe dão outra coisa que eles apreciam  mais. Os Yorkshire são uma raça que geralmente não tem um apetite voraz, e não comem muita quantidade. Existem no mercado várias marcas de ração seca, e geralmente as de maior qualidade são muito palatáveis, por serem feitas com proteína de elevada qualidade. Ao optar por uma ração deste tipo, verá que a quantidade diária não é muito grande, pelo que o animal não terá que comer uma grande quantidade para suprir as suas necessidades. A alimentação que refere (carne cozida) é nutricionalmente muito fraca, pois não tem vários nutrientes essenciais e vitaminas. Quando dadas durante períodos prolongados, podem provocar desequilíbrios nutricionais importantes.

Aquilo que recomendo é oferecer uma ração seca de elevada qualidade. Se não lhe oferecer mais nenhum tipo de comida, ele terá que comer o que tem à disposição. Numa fase inicial poderá misturar um bocadinho de carne cozida coma ração seca para o incentivar a comer, mas depois dê-lhe só a comida seca.

 

P: “É verdade que o microchip é obrigatório em todos os animais?”

R: É obrigatória a colocação de microchip em cães nascidos depois de 1 de Junho de 2008, independentemente da raça e da utilização para trabalho. O microchip contém um número de identificação que é único para cada animal e que está registado numa base de dados a nível nacional, com os dados do seu proprietário. Este número é lido com um leitor específico, disponível em clínicas veterinárias, canis, etc. Com esta medida pretende-se reforçar a protecção dos animais, proncipalmente prevenindo o seu abandono.

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