De todas as doenças oculares diagnosticadas nos cães, o glaucoma ganha destaque como afecção de difícil conduta terapêutica, sendo umas das efemeridades oculares de maior risco de perda de visão em animais adultos.
O glaucoma pode ser definido como uma síndrome multifactorial progressiva com aumento da pressão intra-ocular ocasionando lesão do nervo óptico e perda da capacidade visual. O glaucoma desenvolve-se quando o sistema que regula o Humor Aquoso (líquido que existe dentro do olho) está afectado. O humor aquoso é produzido por uma estrutura ocular designada corpo ciliar. Este fluído passa através da pupila para a câmara anterior e é drenado através de uma estrutura localizada entre a córnea e a íris (ângulo iridocorneal). Este sistema de drenagem cria sempre alguma resistência à passagem do líquido de modo a manter a pressão intra-ocular mais ou menos constante (10 – 20 mm Hg). Um dano em qualquer uma destas estruturas impede a drenagem do humor aquoso que continua a ser produzido levando assim a um aumento da pressão intra-ocular.
Tal como no Homem, também nos cães o glaucoma pode ser classificado em congénito, primário e secundário sendo que os dois primeiros tipos acometem principalmente cães de raças Basset Hound, Dachshund, Cocker Spaniel, Poodle e Schnauzer miniaturas, Boxer entre outras. O glaucoma primário é o que tem uma base genética, não tendo causa aparente. O glaucoma secundário tem uma causa detectável como por exemplo hemorragia ou tumor intra-ocular. No glaucoma congénito o sistema de drenagem do humor aquoso sofre uma má formação. Na maioria dos casos o quadro clínico não se desenvolve até que o animal tenha vários meses ou até uma ano de idade.
A doença manifesta-se por uma variedade de sinais clínicos como edema da córnea, congestão de vasos oculares, midríase (dilatação da pupila), aumento da pressão intra-ocular dor e blefaroespasmo (pálpebras fechadas).
A terapia, clínica ou cirúrgica, dependendo dos casos, visa a diminuição da produção do humor aquoso ou o aumento da sua drenagem. O prognóstico é bastante reservado, sendo o tratamento raramente curativo e nem sempre eficaz.